terça-feira, 25 de setembro de 2012


Arquitetura urbana e a verticalização do verde

                                                                                             Sidney Kelly Santos
                                                                                            07/07/2012

Durante esta leitura, estarei comentando a atuação humana no que tange a forma com que trabalhamos o meio ambiente e as causas (suas causalidades dentro do que conhecemos por urbanidade), ao longo do tempo estamos concorrendo e convivendo paralelamente com o espaço construído. E em muitos centros urbanos deixando de lado os “corredores verdes”, então faz se necessário que determine os projetos de verticalização da vegetação, no contexto ambiental e cultural da sociedade moderna falta à condição do verde.  É verídico que no processo de urbanização o maior desafio das cidades é o crescimento e o desenvolvimento urbano, pois este proporcionam riquezas e sua geração, mas toda via, reduz a qualidade de vida de seus munícipes. A verticalização estaria então, atuando no processo de adensamento de forma pontual de algumas áreas urbanas e sendo pensada em conformidade das construções dos edifícios, formando assim edificações verdes dentro do conceito cidade.
INTRODUÇÃO
A cidade é meio pelo qual o ser humano manifesta sua atividade, enquanto ser social. Mas as constantes alterações das cidades mostram que a forma para atingir este objetivo tornou-se inviável, no sentido do conforto e da sobrevivência.
Ao trabalhar o meio, através da cidade, a construção de novos empreendimentos residenciais e comerciais, impermeabilização do solo, estancamento dos afluentes, retirada da vegetação, tudo isso faz com que o clima das cidades sofra alterações extremas (NÓBILE, 2003).
Levantando-se arranha-céus, bloqueando-se os ventos, criam-se ilhas de calor, consideradas como bolsões pontuais de mosaicos. Cohen (2002) indica que existiriam outras formas de trabalho com o clima, ocasionando temperaturas mais amenas e confortáveis para o convívio de todos. Para isso, é necessário criar edificações que permitam inserção de elementos com vegetações e árvores, com variedade de espécies, reduzindo o impacto no clima urbano em graus significativos. Quanto se aponta a Verticalização do Verde, indica-se uma situação real e possível.
Quanto à urbanização e a aceleração dos danos ambientais e econômicos, sociais da vida urbana, é preciso considerar as formas de planejamento no sentido do meio ambiente. A qualidade climática e o aumento da temperatura das cidades e das áreas rurais margeantes teriam como fatores desencadeantes a criação de novos ambientes artificiais, alguns materiais de construção/pavimentação e o mau uso da vegetação (COHEN, 2002).
Vários estudos indicam que é possível diferenciar o clima e o uso dos espaços públicos no sentido de ambientes mais favoráveis e amenos; principalmente em situações de maior concentração da população. Esta diferenciação, considerando pequenas áreas, pode ser pensada como. Portanto, no microclima, é possível reduzir a amplitude térmica e a insolação direta, verticalizando o verde (BRANCO, MASSAROCO & SANTOS, 2008).
A Verticalização do Verde melhora as taxas de evapotranspiração e a velocidade dos ventos, favorecendo a condição ambiental dos centros urbanos e, em contrapartida, a melhoria da condição ambiental das cidades; alterando-se a qualidade de vida de cada um de seus habitantes, aproximando-os do ambiente natural (BRANCO, MASSAROCO & SANTOS, 2008).
As cidades são formadas por uma coletânea vasta de habitats humanos. Cada um deles, a partir da interferência da ocupação humana, direta ou indiretamente, através de pequenas e grandes paisagens, conforma ambiente em algo distante da natureza. Podemos dizer, pois, que resultam em conformações seminaturais (BRANCO, MASSAROCO & SANTOS, 2008).
Como aspectos essenciais de habitats nos centros urbanos, têm-se os parques, florestas e empraçamentos, as diversas formas de ocupação e serviços sanitários. Sem o devido planejamento, esta agressividade com que o meio ambiente é tratado, terá como fim a destruição de áreas de produção de alimentos e bens necessários ao consumo imediato e ao suporte da vida humana (BRANCO, MASSAROCO & SANTOS, 2008).
Desta forma, “a transformação das áreas produtivas está também sendo degradada em nome deste novo processo construtivo que gera condições de produção humana, menos produção de favorecimento das condições nutricionais desta mesma população” (BRANCO, MASSAROCO & SANTOS, 2008, s.p.).

Na formação de centros urbanos, contabilizando-se o impacto e as condições desfavoráveis, é fundamental que se tentem encontrar situações outras para a manutenção viável deste meio urbanizado. Verticalizando o verde, encontra-se uma situação salutar para esta proposta, uma vez que o ar e o refrigério dentro de uma área verde tende a reduzir a temperatura em até 5ºC (CLARO, SABBAGH, ARMONDI & VIOLATTO, s.d.).

Tal valor pode não parecer muito, se considerado isoladamente. Todavia, se forem somadas estas áreas (verdes verticalizadas) às áreas das florestas e vegetações nativas, as possibilidades de favorecimento do crescimento natural dos pequenos disseminadores de grãos (pássaros, e insetos) fazendo com que esta floresta urbana se amplie aos bosques, praças e parques urbanos (CLARO, SABBAGH, ARMONDI & VIOLATTO, s.d.)

Pode-se, então, concluir brevemente que tal contribuição, entre variadas formas de vegetação, permite a sobrevivência das espécies, geração de alimentos e a manutenção da vida. Por outro lado, outro fator positivo é a biodiversidade urbana e uma melhora considerável nas áreas rurais adjacentes, bem como a criação de espaços de alimentação orgânica nos equipamentos urbanos.

Para o devido crescimento das espécies vegetais, é necessário que o ambiente urbano atenda as condições adequadas para a sua sobrevivência e manutenção. A abundância de muitas espécies está correlacionada negativamente com o grau de urbanização. Plantas, por exemplo, precisam de solos especiais ou de certo tipo de polinizador para produzir sementes. Observação ainda a ser feita consiste nas áreas urbanas que não são abundantes, contudo um fator favorável é que com verticalização da massa verde pode-se contar com funções importantes como a melhora das condições do ar e seu resfriamento, absorção de poluentes, redução de ruídos (barreira acústica), satisfação estética do meio, re-população das espécies. Aprimoramentos outros como, uso de solos favoráveis a vivo-verde e aquisição de matéria prima como, por exemplo, água (LIRA FILHO & MEDEIROS, 2006).

Nesta perspectiva, de sucesso das espécies, a utilização de edifícios inteligentes é vital para o efeito esperado, com a reutilização de águas pluviais e seu armazenamento, tratamento da água e sua descontaminação para uso simples; usando-se a água potável para abastecimento e manutenção humana (LIRA FILHO & MEDEIROS, 2006). É o que se vê na Figura 1.

Figura 1 - Operações Urbanas Nova Água Branca

    Ilustração
(BRANCO, MASSAROCO & SANTOS,2008)


A ARQUITETURA E O CONTEXTO URBANO

A Arquitetura, para além de seus significados, deve ainda contemplar os recursos naturais e o contexto do lugar. Em de seus textos mais antigos, vê-se que esta é, e sempre foi, uma notória preocupação (VITRUVIUS, [ano I a.C.] 2006).  Arquitetura Urbana é o novo caminho para este velho “homem moderno”.

No contexto social, deve-se buscar um melhor tratamento para que este homem não se perca de seu próprio caminho. Assim sendo, a união entre as duas partes somando-se a necessidade atual, este meio de caminho é o STATIONS. De acordo com este conceito, seria o lugar de movimentação a partir de um ponto de origem a um ponto de destino. Dentro dos centros sociais, este seria o lugar de retiro. Vislumbrar a luta entre a melhoria da urbanização e o homem é tarefa constante, que se dá no seio da educação, da cultura (enquanto sociedade), da boa prática e por fim da apreciação da arte enquanto arte e não da arte pela arte - sem função do artista, apenas como lucro (VITRUVIUS, [ano I a.C.] 2006).

A boa administração dos recursos naturais, dos recursos financeiros e também a equidade na distribuição são sinais da excelência humana, na inteligência e capacidade adaptativa. O uso racional de energia, e de seus mecanismos de produção, com uso adequado de matéria prima e reaproveitamento dos resíduos sólidos urbanos são deveres de todos os cidadãos. A parcimônia e a economia fazem parte das pequenas atitudes que permitem a adaptação e o bem-estar cotidianos (COHEN, 2002).

Ainda segundo o mesmo autor acima, nos dias de hoje, parece haver uma nova consciência da sociedade quanto à necessidade de se reduzirem os impactos ambientais. Isto é perceptível na construção civil, através do conceito da Arquitetura Verde e a Bio Casa. A partir deste conceito, esquadrinha-se uma nova cidade, uma cidade que leva esta questão urbana ao seu mais alto limiar. A Verticalização do Verde faz parte deste pensamento.

Pode-se obervar esta forma de pensar através do projeto de paredes verdes do Studio Woha (2012), em que uma escola de artes visuais e cênicas faz uma integração perfeita entre Arquitetura e natureza em seu conjunto. Trabalhando a luz natural e a ventilação, isso faz com que o clima interno se torne agradável ao ensino e saudável aos transeuntes. É desta forma que faz a interação dos alunos e o edifício em questão. Neste caso, a composição verde ajuda tanto no isolamento térmico quanto acústico (VALESAN, FEDRIZZI & SATTLER, 2010).

Na Figura 2, abaixo, vê-se a utilização deste recurso. O projeto, proposto pelo Studio Woha (2012) amplia a eficácia energética, envolvendo alterações relevantes em todo o projeto, desde sua base até a forma com que se usa este objeto.

É através de projetos como este (STUDIO WOHA, 2012) que se perseguem as medidas adequadas ao sistema de uso, de posicionamento, de insolação para as construções. Por outro lado, as fachadas da construção são dispostas de acordo com a direção dos ventos dominantes. E isso permite melhor circulação de ar, arejamento, troca de gases. Enfim, há um melhor condicionamento ambiental por meio passivo, economicamente mais viável.

 

Figura 2 - Projeto de Arquitetura usa jardim vertical em escola de Cingapura
(STUDIO WOHA, 2012)
Provocar o meio é criar dispositivos que levam a população a se comprometer com o meio ambiente. As mudanças de estrutura, de organização dos elementos da construção podem minorar os efeitos da interferência humana no ambiente; e é isto que leva ao menor impacto ambiental. De acordo com Kornhauser (2001), as construções verdes  seriam a certificação da melhora de vida de todos.
O projeto do arquiteto Robert Caulfield (2012), em Melbourne/Austrália, apresentado abaixo na Figura 3, é outro grande exemplo da Verticalização do Verde. Na fachada além de seu jardim, vê-se uma elaboração que, mesmo não sendo nova, é bastante eficaz na concepção da utilização dos espaços. Por exemplo, a acomodação das varandas triangulares em uma fachada irregular, faz com que o movimento lateral do vento seja reduzido e, em contrapartida, permite maior captação da água das chuvas.
Figura 3 - Projeto Jardim Vertical de Robert Caulfield (2012), em Melbourne, Austrália
(CAUFIELD, 2012)


Estes jardins urbanos seriam respostas favoráveis ao crescimento das cidades e uma melhor concentração das áreas naturais dentro dos grandes centros (BRANCO, MASSAROCO & SANTOS, 2008).

 

A Degradação e o Comprometimento da Natureza Selvagem

Devido ao crescimento descontrolado das cidades e de suas atividades industriais, ocorreu grande impacto no meio ambiente. Já no século XIX, surgiram as primeiras previsões da alarmante crise ambiental contemporânea. Afinal, qual é o papel das cidades?  E qual a participação de cada um no que diz respeito à conservação e a educação ambiental? (CONSUMO SUSTENTÁVEL, 2005; ANTONIO FILHO, 2007)

A ONU (Organização das Nações Unidas, 2012) considera que em 2050 a população mundial irá atingir nove milhões de habitantes. Não será tarefa fácil gerar condições para tantas pessoas, custeando as necessidades básicas familiares. Se, nos dias atuais, há situações graves, como lixo, poluição e um consumo exagerado de energia, as quais as práticas públicas, a colaboração ativa de cada cidadão, o planejamento urbano e a vontade política não conseguem contemplar.

Uma via que esta na contramão das urgências comerciais (consumistas e midiáticas) é a aplicação da educação ambiental e a conservação das áreas de vida natural. Por assim dizer, implantar uma consciência verde também em pequenas comunidades (fazendas, praias e montanhas) com interesse público experimentando modernidade em conjunto à vida campesina é uma tarefa árdua e demorada (QUADROS, 2007).

O desafio com o qual a Arquitetura ainda esbarra é o de esclarecer e desmistificar os articuladores das empresas de fabricação de tijolos e cimento; ou seja, sair do modelo em que somente este tipo de construção seria viável. No imaginário das pessoas (senso comum), a ideia de uma casa sustentável com habitantes conscientes é de vital importância para a sobrevivência de todos.  Casas ecológicas também devem coadunar com o ambiente urbano, participando das condições locais e usando materiais que existam em abundância, com menor impacto e dano, sendo isso importantíssimo para a população de baixa renda (LIMA, 2005).

Urgências na educação ambiental permite-se que veja que são maiores os problemas que a Arquitetura Urbana tem em seu caminho. É preciso, pois, convocar toda a sociedade para tal discussão. É preciso enfrentar a questão proposta por Cortella (2011, s.p.): “temos que saber não só que mundo nós vamos deixar para os nossos filhos, mas sim que filhos estamos deixando para este mundo”.
A conservação ambiental faz com que as cidades se debrucem sobre esta questão, levando à reflexão acerca de suas causas e consequências. Mais que construir e produzir, é urgente considerar os meios através dos quais isto acontece para fazer da cidade um lugar inteligente e viável. É o que se pode destacar na Figura 4, logo abaixo.

Figura 4 - Operações Urbanas Nova Água Branca
 
  Ilustração
(BRANCO, MASSAROCO & SANTOS, 2008)


Com a verticalização, objetos que simplesmente são perdidos agora podem ganhar utilidades inovadoras; containers que antes ficariam apodrecendo ao ar livre podem contribuir com a verticalização. Lars Behrendt (2012a, 2012b), projetista e designer, mostrou em Stuttgart (Alemanha) que é possível e simples fazer diferente. Sua proposta nada mais foi que mostrar, com criatividade e imaginação, o que se pode fazer com os contêineres.

O “Öesterreichicher Platz”, identificado na Figura 5, abaixo, fora um estacionamento durante 40 anos. Com sua desativação, foi transformado por Behrendt (2012a; 2012b). Localizado em Stuttgart, O Lotto Turm (nome adotado) satisfez aos moradores locais como uma praça. Neste projeto, há com uma torre formada por 55 contêineres sobrepostos, dividido por andares. Quanto ao antigo pátio, pouco dele restou e, futuramente, haverá um grande espaço para as crianças.

Figura 5 - Eco Architecture: Lotto Trum Stuttgart. Öesterreichischer Platz
 
  Ilustração
 (BEHRENDT, 2012a; 2012b).
 
Outro exemplo, disposto na Figura 6, abaixo, é a possibilidade de reconstruir o Pier Chelsea 57, em Nova York. A concorrência teve como vencedor o grupo LOT-EK Arquitetos (s.d.) que propuseram transformar os recipientes em um centro comercial. O projeto inclui um parque no terraço de dois hectares e containers reciclados em lojas. O Pier Chelsea 57 é um marco da Arquitetura e deverá ser reconstruído dentro dos limites do  Hudson River Park, transformando-o em uma grande atração.
Figura 6: Eco Architecture: LOT-EK
  Ilustração
 
 
 
O projeto contará ainda com mercado permanente, com oferecimento de trabalho para jovens de baixa renda e espaços comerciais para artistas e outros pequenos negócios. Ainda caberá um centro de cultura contemporânea e desenvolvimento, uma mistura de leilão, galeria de exposições e entretenimento.
 
E NO BRASIL ... O QUE HÁ DE NOVO?
Para além das ideias, no sentido já permeando o campo prático, obtence o projeto do Edifício Harmonia 57 (2009). Com soluções corriqueiras, este projeto ganhou o prêmio NAJA (Novos Álbuns da Jovem Arquitetura), concedido pelo Ministério da Cultura Francês a jovens arquitetos. Esta nova perspectiva diz que é possivel realizar o que antes era motivo de dúvidas; mesmo indo de encontro a uma concepção anterior que dizia ser isto absurdo, contrário ao tradicional.
O que alimenta a ideia do projeto Harmonia 57 (2009) é o uso da água das chuvas. Pensado desde sua base, o prédio conta com duplas paredes em alvenaria e concreto orgânico, que compõem uma pele porosa, em que a vegetação se fixa com facilidade. Através de um reservatório que é instalado no alto deste edificio, injeta-se o vapor de água facilitando a absorsão do líquido pelas folhas; a água é filtrada e armazenada. A partir de um olhar externo, pode até parecer confuso que haja a distribuição de dutos pelo edificio; na verdade, o que se pode ver são as veias e as artérias deste organismo vivo exposto ao ar.
Como as plantas têm ciclos, o prédio demostra isto ao longo dos dias do ano. Já no interior do prédio, a harmonia que se tem é a garantia de espaços diferenciados. Desde a escolha dos materias até as paredes duplas, geram-se conforto acústico e térmico; pouco observado em prédios convencionais. Unindo-se a isto, a Verticalização do Verde garante economia de 90% de água, demostrando que o pensamento por trás do edificio é, sem dúvida, a Sustentabilidade (HARMONIA 57, 2009).
Figura 7 - HARMONIA 57
 
Em edifícios como o HARMONIA 57, acima destacado na Figura 7, tudo é pensado para que se tenha um impacto positivo no sentido ambiental; até mesmo quando se fala em aberturas, a estratégia é meticulosamente pensada. Nada é por acaso: a captação de luz natural na utiliza o princípio da troca de gases pela ação dos ventos - artifício usado desde as construções gregas. Cada estratégia transforma este edifício em um organismo vivo, econômico, um empreendimento viável e funcional.
            Em casos como o do projeto Harmonia 57, pode-se afirmar que sua função está de acordo com a forma (Sullivan, [1896] 2008). Sua simplicidade dialoga com a tecnologia, usando-se técnicas simples, com máximo aproveitamento de água e de luz, além de  implantação correta e programas adequados. Este prêmio ao ar livre vive, nasce e interage com o meio ambiente e o meio urbano.
 
CONCLUSÃO
Somos seres sociais, este é o ponto de partida. Ou melhor, isto nos conduz a um partido arquitetônico. Desta forma, ao conceber um objeto de residir ou para trabalhar, deve-se levar em consideração também o espaço onde ele será implantado, categoria que deveria ser enunciada em qualquer projeto.
Em seu Addendum Urbanístico, Costa (2006, p. 115) aponta que “urbanizar consiste em levar um pouco da cidade para o campo, e trazer um pouco do campo para dentro da cidade”. A Verticalização do Verde é a prática deste pensamento.
A Arquitetura deve considerar o homem em sua dimensão coletiva, mas a partir da qualidade, e não da quantidade. O paradoxo destas questões - quantidade e qualidade - é o desafio de pensar a urbanidade e as cidades. Verticalizar é o movimento que aponta para a dimensão do céu, ao mesmo tempo em que reflete a dimensão do solo onde se enraiza. Construir e edificar é provocar a vontade e surpreender o espectador. É contagiar o cidadão como observador, aquele que olha de frente as duas dimensões e se posiciona em relação a elas.

REFERÊNCIAS

ANTONIO FILHO, F. D. O Aquecimento Global e a Teoria de Gaia: subsídios para um debate das causas e consequências. Climatologia e Estudos da Paisagem. Rio Claro. 2 (1), jan.-jul, 2007.

 

BEHRENDT, L. Lotto-Turm. Disponível em http://lotto-turm.com/index.php?id=4&L=1. Acesso em 01 de junho de 2012 (a).

 

_____________. Realidade Improvável. Disponível em http://realidadeimprovavel.wordpress.com/2011/05/06/lotto-turm-lars-behrendt/. Acesso em 01 de junho de 2012 (b).

 

BRANCO, A. C. C., MASSAROCO, V. & SANTOS, S. K. A Nova Água Branca. Trabalho apresentado como conclusão do Curso de Extensão “Projeto Urbano”. São Paulo. FAU/USP, 2008.

 

CAUFIELD. R. Projeto Jardim Vertical. Disponível na internet:  http://www.robertcaulfield.com/. Acesso em 01 de junho de 2012.

 

CLARO, A.,SABBAGH, C. S., ARMONDI, J. & VIOLATTO, U. Telhado Verde. Tecnologia da Edificação I.  Disponível na Internet: http://www.arq.ufsc.br/arq5661/trabalhos_2010-2/telhados_verdes.pdf. Acesso em 01 de junho de 2012.

 

COHEN, C. A. M. J. Padrões de Consumo: Desenvolvimento, Meio Ambiente e Energia no Brasil. Tese (Doutorado). Rio de Janeiro. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, 2002.

 

CONSUMO SUSTENTÁVEL: Manual de educação. Brasília: Consumers International/ MMA/ MEC/IDEC, 2005.

 

CORTELLA, M. S. Não nascemos prontos. Palestra disponível na internet em http://www.youtube.com/watch?v=89BMhivvRFE. Acesso em 01 de junho de 2012.

 

COSTA, L. Arquitetura/Lucio Costa. Rio de Janeiro. José Olympio. Rio de Janeiro, 2006. 4ª. Ed.

 

HARMONIA 57 – 9. Prêmio Jovens Arquitetos – Arquitetura – Obra Concluída. Disponível em concursosdeprojeto_org.mht. 04/set/2009. Acesso em 04 de junho de 2012.


 

KORNHAUSER, A. Criar Oportunidades. Educação, um tesouro a descobrir. São Paulo. Cortez, Brasília, DF; MEC; UNESCO, 2001. 6ª Ed.

 

LIMA, R. M. C. De. A Cidade Autoconstruída. Tese (Doutorado). Rio de Janeiro. Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, 2005.

 

LIRA FILHO, J. A. & MEDEIROS, M. A. S. Impactos Adversos na Avifauna Causados Pelas Atividades de Arborização Urbana. Revista de Biologia e Ciências da Terra. 6 (2), 2º semestre 2006.


LOT-EK. Disponível em
http://www.lot-ek.com/. Acesso em 01 de junho de 2012, s.d.

 

NÓBILE, A. A. Diretrizes para a sustentabilidade ambiental em empreendimentos habitacionais. Dissertação (Mestrado). Campinas, SP. UNICAMP, 2003. 

 

O.N.U. Department of Economic and Social Affairs. Disponível na internet: http://www.un.org/esa/population/. Acesso em 01 de junho de 2012.

 

QUADROS, A. De. Educação Ambiental: iniciativas populares e cidadania. Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Educação Ambiental (CPGEA). Santa Maria, RS. Universidade Federal de Santa Maria, 2007.

 

SULLIVAN, L. The tall office building artistically considered. Lippincott’s Magazine, 1896. Disponível em: http://www.njit.edu/v2/Library/archlib/pub-domain/sullivan-1896-tall-bldg.html. Acesso em junho de 2008.

 

STUDIO Woha. Disponível na internet em http://www.wohadesigns.com/. Acesso em 01 de junho de 2012.

 

VALESAN, M., FEDRIZZI, B. & SATTLER, M. A. Vantagens e desvantagens da utilização de peles-verdes em edificações residenciais em Porto Alegre segundo seus moradores. Ambiente Construído.10(3): 55-67, jul/set 2010.

 

VITRUVIUS, M. Tratado de Arquitectura. Livro VI cap. II: (1/5). Tradução do Latim, Introdução e Notas de M. W. Maciel. Lisboa. IST Press, [ano l a.C.] 2006.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

 
 
 
“consiste em transportar para uma coisa o nome da outra ... uma espécie de comparação à qual falta a locução comparativa”.
O ESTADIO DO ESPELHO
                                     O estádio do espelho como formador da função do eu.

"A função do estádio do espelho revela-se para nós, por conseguinte, como um caso particular da função da IMAGO que é estabelecer uma relação do organismo com sua realidade – ou como se costuma dizer, do Innenwelt com o Umwelt." (Lacan, 1998, p.100) Essa passagem mostra a relação necessária do corpo com as imagens, os fantasmas, os sonhos, o simbólico. Para Lacan, é nessa relação que se forma o sujeito, assertiva essa que se opõe à concepção de um sujeito absoluto, totalmente livre e senhor de suas escolhas. Na concepção lacaniana, o estádio do espelho se opõe a qualquer filosofia do cogito, em outras palavras, a qualquer filosofia corrobore essa absolutização do sujeito:
Correlativamente, a formação do eu simboliza-se oniricamente por um campo fortificado, ou mesmo um estádio, que distribui da arena interna até sua muralha, até seu cinturão de escombros e pântanos, dois campos de luta opostos em que o sujeito se enrosca na busca do altivo e longínquo castelo interior, cuja forma (às vezes justaposta no mesmo cenário) simboliza o ISSO de maneira surpreendente. (Lacan, 1998, p.100) Uma experiência de descoberta similar também é tematizada em
O espelho, de Machado de Assis. Aqui o personagem em frente ao espelho não é uma criança, mas de um jovem que, em meio à solidão, descobre a duplicidade do eu, sua subordinação frente a valores externos. O conto mostra um personagem narrando um fato que supera a experiência empírica cotidiana. Ao olha-se no espelho, Jacobina vê uma imagem distorcida que só retorna a sua integralidade quando seu uniforme de alferes é vestido. Jacobina é um dos cinco cavalheiros que participam de um debate sobre "questões de alta transcendência", de "cousas metafísicas" e dos "problemas do universo" (Assis, 1996, p.21). Inicialmente, o personagem está ouvindo seus companheiros, calado, pensativo e sonolento. Após ser requerido para dar uma opinião sobre o assunto em pauta (sobre a natureza da alma), afirma: "Em primeiro lugar, não há uma só alma, há duas" (Assis, 1996, p.21). Conforme diz o narrador, anteriormente, Jacobina não discutia nunca, pois acreditava que "a discussão era forma proibida do instinto batalhador" (Assis, 1996, p.21).

E acrescenta ainda: "não admito réplica" (Assis, 1996, p.23).

Assim exemplifica sua tese o personagem:
Está claro que o ofício dessa segunda alma é transmitir a vida, como a primeira; as duas completam o homem, que é, metafisicamente falando, uma laranja. Quem perde uma das metades, perde naturalmente metade da existência; e casos há, não raros, em que a perda da alma exterior implica a da existência inteira. Shyloc, por exemplo. A alma exterior dele eram os ducados; perdê-los equivalia morrer. (Assis, 1996, p.23) Jacobina conta que, ao conseguir o posto de alferes da guarda nacional (hoje equivalente ao posto de segundo-tenente), angariou como conseqüência grande admiração por parte dos familiares e conhecidos. Sua tia viúva, Marcolina, como forma de agrado, convida-o para o sítio onde ela mora. "Se lhes disser que o entusiasmo de tia Marcolina chegou a ponto de mandar pôr no meu quarto um grande espelho..." (Assis, 1996, p.21)

 Um dia a tia recebeu a noticia de que a filha estava doente. Ela parte e Jacobina fica só. Além da ausência de Marcolina, outro fato acontece: todos os escravos fogem do sitio.

 Começa assim o transtorno de Jacobina: "Nunca os dias foram mais compridos, nunca o sol abrasou a terra com uma obstinação mais cansativa. As horas batiam de século a século, no velho relógio da sala, cuja pêndula, tic-tac, tic-tac, feria-me a alma interior, como um piparote contínuo da eternidade." (Assis, 1996, p.30) É nesse sentimento de solidão que o personagem vive a experiência do espelho. No fim de oito dias, ele vê, em lugar do reflexo de seu corpo, uma imagem com linhas difusas e cintilantes. Ao vestir a farda de alferes "... o vidro reproduziu então a figura integral." (Assis, 1996, p.34) Pode-se perceber, assim, que a situação de solidão possibilitou a revelação no evento do espelho.
 
A solidão também é importante para as teses do francês René Descartes nas Meditações. Assim começa o filósofo:
Há algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não poderia ser senão muito duvidoso e incerto; de modo que me era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida desfazer-me de todas opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente desde os fundamentos, se quisesse estabelecer algo de firme e de constante nas ciências. (Descartes, 1996, p.257)

Descartes realiza, além da tentativa de descoberta de princípios seguros, uma experiência de análise de si. O filósofo diz, posteriormente à citação acima, que não se pode negar a presença física, que aqueles que assim pensam são loucos. "E como poderia negar que estas mãos e este corpo sejam meus?" (Descartes, 1996, p.258) Acrescenta, porém, que, na condição de homem, tem o costume de dormir e representar em sonhos a realidade: "Quantas vezes ocorreu-me sonhar, durante a noite, que estava neste lugar, que estava vestido, que estava junto ao fogo, embora estivesse inteiramente nu dentro de meu leito?" (Descartes, 1996, p.259) O filósofo conjuntura a possibilidade de ilusão, de que Deus tenha desejado que ele se engane. Por isso, conclui momentaneamente que não há nada que não possa duvidar. Surge, dessa forma, o método: "Considerar-me-ei a mim mesmo absolutamente desprovido de mãos, de olhos, de carne, de sangue, desprovido de quaisquer sentidos, mas dotado da falsa crença de ter todas essas coisas." (Descartes, 1996, p.262) O corpo, dessa forma, vela-se como parte de uma estratégia para alcançar uma verdade, para a descoberta do ser e do princípio que o fundamenta. O que Descartes considerava inicialmente como loucura é nesse  momento, como parte da primeira meditação, um instrumento fundamental do cogito.
.A meditação é um processo introspectivo e imaginativo pelo qual o filósofo mergulha no desafio da verdade. O eu, a escrita de si e solidão são partes necessárias desse ato. Meditar aqui significa voltar a si mesmo para encontrar o todo e as partes deste; encontrar, principalmente, o fundamento que sustenta toda a realidade. Na segunda meditação, conclui: "Mas há algum, não sei qual, enganador, mui poderoso e mui ardiloso que emprega toda sua indústria em enganar-me sempre. Não há, pois, dúvida que sou, se ele sempre me engana." (Descartes, 1996, p.266) Para depois finalmente chegar à consideração posteriormente discutida: "...esta proposição, eu sou, eu existo, é necessariamente verdadeira todas as vezes que a enuncio ou que a concebo em meu espírito." (Descartes, 1996, p.266)
Em Descartes, não há um espelho, mas há um olhar sobre si. O filósofo descreve seu método passo a passo e chega a conclusões. A "loucura" cartesiana mostra-se produtora de saber, da verdade sobre o ser: nossa existência não pode ser contestada.
 
Diferentemente do filósofo francês, Jacobina não buscou de forma premeditada, a produção de uma tese sobre a existência. As descobertas do personagem são parte de um processo de
re-velação, de uma situação que mistura o acaso, a instabilidade emocional e a epifania epistemológica. A imagem ora difusa ora integral do espelho funciona como um elemento que desperta a consciência à própria realidade: àquela de um sujeito dependente da função e da aprovação social. Inserido dentro da dinâmica da aceitação alheia, Jacobina passa a compreender o significado do olhar do outro, a importância deste na construção de seu modo de ser. Para que isso acontecesse, no entanto, foi preciso um afastamento da alteridade modeladora. Foi apenas nesse momento de recolhimento forçado que o personagem submeteu seu pensamento à  experiência reflexiva. Atitude essa contraria o até então automatismo da aparência e da ação modelada.

Embora não tenha sido um método ao modo das meditações cartesianas, a experiência de Jacobina vincula-se à estratégia do filósofo francês. Em ambos os casos, aparece uma novidade metodológica, isto é, a desconstrução dos caminhos usuais da produção do conhecimento. Em Descartes, a hipótese da ilusão e do deus-enganador; em Machado, o deslocamento da experiência cotidiana na imagem distorcida. Em segundo lugar, vale destacar que as duas teses sobre a existência originam-se na
interpretação de si, de um entendimento sobre a própria subjetividade. A partir daí, elabora-se uma generalização que fundamenta os atos e pensamentos das pessoas, assim como a própria legitimidade do existir. Essas semelhanças entre o texto cartesiano e machadiano demonstram o valor do desafio às convenções do saber e das condições de sua elaboração. Os dois textos, embora com finalidades diferentes, apresentam a importância do deslocamento e da provocação aos paradigmas silenciosamente aceitos. Provocação essa que confere à imaginação e a "loucura" um papel fundamental na construção do conhecimento.

Se por um lado o texto de Machado se aproxima da estratégia cartesiana das
Meditações pela elaboração do saber no olhar sobre si e no desafio às convenções metodológicas, por outro, se afasta, ao trazer à baila um sujeito cujo fundamento capital não é a somente a razão. A base do pensamento de Descartes está no cogito, embora seu texto inicie com a proposição da ilusão do real. A "loucura" cartesiana não é um estado psicológico, mas uma etapa da construção do edifício do "eu penso, logo existo". Trata-se de uma travessia necessária ao desenvolvimento da tese. Em Machado, o sujeito produtor do saber parece sofrer um certo abalo emocional originado pela situação de solidão. No conto, o próprio indivíduo sofre com seu distúrbio na visão de sua imagem partida. Chega-se aqui a uma aproximação com Lacan. A imagem do espelho manifesta um indivíduo partido, isto é, alguém dependente da alteridade e subjugado pelas artimanhas da psique. A experiência de Jacobina desconstrói a soberania da razão no exercício da produção epistemológica, da mesma forma a idéia de um sujeito absoluto.
Esse conto exemplifica uma estratégia peculiar de Machado: a proposição provocativa de saberes através do desafio da subjetividade. O personagem-provocador machadiano surge como um indivíduo que causa estranhamento, alguém cujos modos de ser e o conteúdo discursivo revelam um sujeito que não se contenta com as pressões das convenções. Sua palavra manifesta o novo, um elemento que convoca personagens e leitores a uma nova percepção. Em tal palavra, não existe o compromisso com a aceitação, com o(s) paradigma(s); o valor propositivo se alimenta do jogo e da possibilidade da fala. Signos e conteúdos trazem a experiência de uma interioridade que pode ser ouvida porque o contexto narrativo assim o permite. Longe de ser uma instância julgadora, o outro funciona apenas como um interlocutor necessário para que o conteúdo apareça. Junto com o novo saber, esse indivíduo de ausente compromisso  epistemológico aparece em sua totalidade. Não se trata aqui de um afastamento indiferente entre sujeito e objeto como nas proposições racionalistas: não há um detentor soberano, tampouco uma verdade metodologicamente avalizada a fim de que se alcance a aprovação social. Em Machado, a verdade do sujeito brota da possibilidade de expressão e se concretiza na fluidez do livre pensamento de um personagem que nunca é majoritariamente racional.

A tradição filosófica é constantemente desafiada nos textos machadianos, mesmo que não haja referências explícitas. O literário aparece junto com o vigor do pensamento por meio de estratégias que possibilitam repensar o real e associar um certo discurso ou atitude a nomes importantes dos variados campos do saber. Fato esse que não significa a adoção de uma linha de pensamento único, nem mesmo a imposição e/ou aplicação de modelos na obra de Machado; em seus textos, o que prevalece é a flutuação, é a travessia que experimenta os modos de dizer e os conduzem a situações peculiares. É por esse motivo que o cotidiano adquire novas dimensões interpretativas que põem abaixo a passividade dos atos humanos vinculados à aceitação dos discursos naturalizados.
Tais afirmações auxiliam na compreensão de que a aparente loucura dos personagens funciona como uma estratégia semelhante àquela de Erasmo de Rotterdam no Elogio da loucura.  No século XVI, Erasmo faz uma sátira da sociedade medieval européia personificando a loucura e lhe conferindo uma voz reflexiva. Nesse discurso de reflexão e auto-elogio, essa presunçosa personagem diz fazer-se presente nas crianças, nos supersticiosos, nos religiosos e até nos sábios. Afirma que, por causa dela, o ser humano suporta as vicissitudes da vida e a alteridade, além de prolongar a vida: "Como haveria de definir-me, apresentar-me sob formas diversas, pintar-me, se estou em vossa presença e me contemplais com vossos próprios olhos? Sou eu mesma, como podeis ver, sou essa verdadeira dispensadora de felicidade que os latinos chamam de Stultitia e os gregos, Moria." (Rotterdam, p.19) E não se pode deixar de acrescentar que por causa da experiência insólita de Jacobina (dos "loucos" personagens machadianos), um desafio também é lançado: uma voz que provavelmente seria desconsiderada e interpretada pelo viés da jocosidade ou insensatez dialoga agora de forma significativa com o pensamento.
Por fim, mostrou-se neste trabalho que o conto acima mencionado dialoga com a questão da construção do saber e da subjetividade. Machado de Assis articula o vigor do conhecimento a uma perspicaz capacidade de reflexão sobre os movimentos humanos externos e internos. O humano aparece de forma provocadora aos usuais condicionamentos da razão e traz em seu discurso e atos o imprevisível e o impactante. No conto, existe um diálogo com o pensamento, fato esse que exemplifica uma ação constante nas narrativas machadianas. Embora não engendrado como um texto de filosofia, a obra em questão permite a indagação sobre a natureza humana e a relação desta com as conjunturas contraditórias do real.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
EM ESPECIAL.
 
http://www.filologia.org.br/machado_de_assis/A%20subjetividade%20e%20a%20tradi%C3%A7%C3%A3o%20filos%C3%B3fica%20em%20o%20espelho.pdf

ASSIS, Machado. O espelho. In:

Contos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. Coleção Leitura.

DESCARTES, René.

Meditações. Trad. J. Guinsburg e Bento Prado Júnior. São Paulo: Nova Cultural, 1996.

FOUCAULT, Michel.

A história da loucura. Trad. José Teixeira Coelho Neto. 6ª ed. São Paulo: Perspectiva, 1999.

FOUCAULT, Michel.

A hermenêutica do sujeito. Trad. Márcio Alves da Fonseca e Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

LACAN, Jacques. O estádio do espelho como formador da função do eu. In:

Escritos. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.

ROTTERDAM, Erasmo de.

Elogio da loucura. Trad. Ciro Mioranza. São Paulo: Editora Escala, s.d. Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal.

SECCHIN, Antônio Carlos et alii. Machado de Assis, uma revisão. Rio de Janeiro: In-Fólio, 1998.